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Acordo comercial com a China: indústria preocupa-se com impacto no investimento

A Coalizão Indústria alertou que um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a China pode resultar em uma redução de 57% nos investimentos projetados até 2027, totalizando R$ 825,8 bilhões. Durante uma coletiva, representantes do setor expressaram preocupações sobre investimentos

A Coalizão Indústria, que reúne 14 associações de 13 setores produtivos no Brasil, alertou que um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a China pode resultar em uma redução de 57% nos investimentos projetados por essas indústrias até 2027, totalizando R$ 825,8 bilhões.

Nesse contexto, participaram da coletiva de imprensa na última quinta-feira (25) alguns participantes das associações. No encontro, discutiram sobre a insegurança relacionada à possível queda dos investimentos que viriam do acordo entre países representantes aos setores produtivos, como ressaltou José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria).

Assim, a Coalizão, criada em 2018, solicita a não assinatura do acordo. Bem como pede aumento da alíquota para importações de produtos provenientes da China. Para isso, exemplifica as práticas protecionistas dos Estados Unidos e União Europeia, que ajudam no equilíbrio também dos preços. 

De acordo com a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), o déficit da balança comercial de manufaturados em 2024 deve chegar a US$ 135 bilhões. Dessa forma, superando os US$ 108,3 bilhões registrados no ano anterior.

Análise da indústria brasileira diante dos desafios globais

Diante disso, Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), aponta a capacidade chinesa de reduzir preços de produtos para exportação, mesmo com preços comparáveis aos do Brasil em salários e plástico. 

Enquanto isso, Marco Pollo Mello, da Aço Brasil, organização que representa os produtores de aço do país, alerta sobre a possibilidade de falência de algumas empresas até que os processos de “antidumping” sejam concluídos. 

Nesse sentido, Mello diz: “Sabemos que a China é o maior parceiro comercial do Brasil e seria pouco realista imaginar que o governo vai tomar uma decisão em relação à China”.

Ainda, ele acrescentou que a situação atual reflete uma política do Estado chinês voltada para liberar sua capacidade produtiva ociosa, o que leva o país a aceitar exportações com margens de lucro negativas. Assim, Mello diz: “A indústria [brasileira] está sob ataque”.

Impacto das importações no Brasil

Entre janeiro e agosto, as importações de aço cresceram 24,8%, seguindo um aumento de 50% registrado em 2023.

De acordo com Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Abit, o setor têxtil seria o mais impactado por um possível acordo de livre comércio. Ele observou que as importações aumentaram 13% de janeiro a julho em relação ao ano passado. 

Enquanto a produção da indústria de vestuário cresceu apenas 1,3%. “Os investimentos previstos ficam em risco ou sofrem atrasos enquanto essa incerteza pairar sobre nós”, aponta.

Ao ser questionado sobre o recente aumento da alíquota de importação de 30 produtos químicos, anunciado na semana passada a pedido da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), que também criticou a “invasão chinesa” — expressão utilizada pela Coalizão —, o presidente da Abiplast manifestou sua oposição à medida.

Segundo sua análise, nesse caso específico, não havia justificativa técnica, pois a parte da resina plástica que é importada é pequena. Assim, ele continua:  “não se pode dizer que tudo foi a China”. Coelho considera que foi uma decisão de caráter político.

O aumento das tarifas para importação no setor químico pode aumentar os preços de produção dos produtos plásticos.

Via plástico Virtual

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