Resultado foi puxado pelas vendas de petróleo, mas não altera projeções de perda de dinamismo nas trocas comerciais do país

Lucas Barbosa, da AZ Quest, foto: Rogerio Vieira/Valor
Por Estevão Taiar e Marta Watanabe, no Valor, em 08/02/2024
O ano iniciou com superávit comercial de US$ 6,5 bilhões em janeiro, valor recorde para o mês e bem acima dos US$ 2,3 bilhões de igual mês de 2023. Foi o melhordesempenho da série histórica iniciada em 1989. A resiliência do volume deexportações contribuiu para o resultado, que chegou a ser consideradosurpreendente. O saldo, porém, não muda as perspectivas de desaceleração dointercâmbio comercial brasileiro, ainda que as projeções de especialistas ouvidospelo Valor sejam de superávit robusto em 2024, entre US$ 75 bilhões e US$ 90 bilhões.
Segundo dados da balança comercial divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic), o superávit de janeiro resultou de US$ 27 bilhões em exportações e de US$ 20,5 bilhões em importações. A quantidade embarcada cresceu 22,1% em relação a igual mês de 2023. Os preços médios caíram 3,1%. O resultado foi uma receita de exportação com alta de 18,5%, considerando a variação da média diária.
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que o saldo de janeiro foi positivo, mas não marca a tendência do ano. O mês de janeiro, afirma, manteve parte do dinamismo que marcou as trocas comerciais brasileiras em 2023, com exportações alavancadas principalmente por quantidade, enquanto os preços caem, embora em ritmo mais desacelerado.
[…]
“Para o petróleo bruto, entretanto, a expectativa é que as exportações sigam em expansão durante o ano, amparadas por novo aumento esperado para a produção doméstica”, ressalta Farias. Para 2024, a projeção da Tendências é de superávit comercial total de US$ 75,4 bilhões.
O diretor de Inteligência Comercial da Secex, Herlon Brandão, destacou, durante a apresentação dos dados da balança comercial, que para 2024 existe “incerteza em relação à safra de grãos”, sendo esperada queda nos embarques de milho e crescimento menor ou também queda nas exportações de soja. Ainda disse que “é natural que” a Argentina apresente “demanda menor” por produtos brasileiros em 2024, pela esperada contração da economia do país vizinho. A Secex projeta superávit comercial de US$ 94,4 bilhões em 2024. A estimativa da AEB é de saldo de US$ 92,7 bilhões.
Leia a matéria completa no Valor.