Por Gilberto Menezes Côrtes no Jornal do Brasil, em 05/07/2022
Ser engenheiro de obra feita é fácil. Difícil é comandar o Banco Central no Brasil com a responsabilidade de: “Garantir a estabilidade do poder de compra da moeda, zelar por um sistema financeiro sólido, eficiente e competitivo, e fomentar o bem-estar econômico da sociedade”. Para cumprir essas metas, o BC dispõe apenas de instrumentos monetários (taxas de juros, com intervenções diárias no “open market”, redescontos e os encaixes compulsórios), o que é muito pouco ante a forte inflação importada pelos impactos da invasão da Ucrânia pela Rússia e o governo esbanja gastos para tentar aumentar as chances da reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
Mas a taxa de erros do Banco Central tem sido imensa em relação à previsão das metas de inflação (principal objetivo da política monetária, instituída em 1999, quando o país abandonou a âncora cambial e adotou o câmbio flutuante). Em todo o período, ressalve-se, o Banco Central raramente contou com o amparo de uma política fiscal capaz de ajudar às metas de controle da inflação. A tônica foi a expansão de gastos, como agora.
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O presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, reconhece que a situação mudou muito e por isso a AEB revisará para baixo as projeções deste ano. Ele lembrou que no 1º semestre, as importações cresceram mais que as exportações (30% X 20,5%), invertendo o quadro de 2021, quando as exportações brasileiras cresceram 35,2% e as importações 26,5%.
Ele chama a atenção para dois fatos negativos: o minério de ferro está em queda de preços e de volume e a soja não deve ter excedentes para exportar no 2º semestre e deve fechar o ano com menos 10 milhões de toneladas exportadas. Em sentido inverso, as cotações do petróleo e combustíveis importados (GLP e diesel) estão resistindo e tendem a subir no 3º trimestre, com o frio no Hemisfério Norte, situação agravada pela redução da oferta de gás natural pela Rússia à Europa.
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