Nas últimas décadas, a globalização transformou o cenário econômico mundial, promovendo a integração entre mercados e ampliando as trocas comerciais. Contudo, um movimento inverso, conhecido como desglobalização, vem ganhando espaço e remodelando as dinâmicas do comércio internacional. Em um artigo publicado no LinkedIn, em 25 de novembro de 2024, Henry Uliano Quaresma explora os desafios e oportunidades que esse fenômeno apresenta para o Brasil.
A desglobalização reflete a desaceleração ou mesmo a reversão da integração econômica global. Esse processo se manifesta em medidas como o fortalecimento de políticas protecionistas, a revisão de acordos comerciais e a regionalização de cadeias produtivas. Entre os fatores que impulsionam essa tendência estão:
- A pandemia de COVID-19, que evidenciou vulnerabilidades nas cadeias globais de suprimentos;
- Tensões comerciais entre potências como EUA e China;
- Crises geopolíticas, como o conflito na Ucrânia;
- Crescimento de blocos regionais, como o Mercosul, que fortalecem o comércio intra-regional.
Para o Brasil, os impactos desse movimento são significativos. A desglobalização cria barreiras ao acesso a mercados globais tradicionais, mas também abre possibilidades de reposicionamento econômico. Entre os desafios estão:
- Dependência de commodities: Em 2023, mais de 60% das exportações brasileiras consistiram em commodities, expondo o país às oscilações de preços globais.
- Infraestrutura e logística insuficientes: O Brasil ocupa a 55ª posição no Índice de Desempenho Logístico Global, um fator que dificulta a competitividade internacional.
- Burocracia tributária e regulatória: Esses entraves encarecem e dificultam a ampliação do comércio exterior.
No entanto, também surgem oportunidades relevantes:
- Fortalecimento regional: As exportações para o Mercosul cresceram 25% em 2022, evidenciando o potencial de expansão no comércio intra-regional.
- Diversificação de mercados: O crescimento de exportações para regiões como Oriente Médio e África demonstra a importância de explorar novos parceiros comerciais.
- Valor agregado: Apenas 20% das exportações brasileiras são de produtos industrializados, o que revela um amplo espaço para inovação e maior participação no mercado global.
- Sustentabilidade como diferencial competitivo: A adoção de práticas sustentáveis pode posicionar o Brasil como líder em bioeconomia e agronegócio, especialmente para atender mercados exigentes como o europeu.
Henry Uliano Quaresma destaca que, para o Brasil maximizar os benefícios da desglobalização, será essencial investir em infraestrutura, promover a inovação e reforçar parcerias regionais. O futuro do comércio exterior não depende apenas da adaptação às novas dinâmicas, mas também da capacidade do país em consolidar-se como um fornecedor estratégico e responsável no mercado internacional.
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