Por Marta Watanabe, Valor em 23/04/2022
Não há garantias de que o novo corte de 10% em 87% da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul anunciado nessa segunda-feira (23) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/ME) reduza a inflação conforme esperado pelo governo, dizem especialistas. Segundo eles, a redução do imposto vem em momento de aceleração de preços de importação e elevação de custos, sendo “praticamente impossível” saber se o efeito da renúncia fiscal será repassado.
Ao anunciar hoje a medida, o secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, disse que o corte de tarifas provocará redução de 0,5 a 1 ponto percentual no índice de preços. “É preciso tomar um cuidado grande, porque uma coisa é a renúncia fiscal e a outra coisa é o repasse ao consumidor. Temos um exemplo desse tipo agora nas reduções de IPI, para as quais se esperava efeito muito mais intenso sobre a inflação do que está sendo observado”, diz Livio Ribeiro, sócio da consultoria BRCG.
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José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que a medida é mais uma passo na abertura comercial, sem a contrapartida da redução de custos para a indústria brasileira, que, em parte, pode sofrer maior concorrência dos importados com a redução de tarifas. E mesmo para quem o importado é um insumo, afirma ele, vem num momento de pressão de preços das compras externas, com redução de margem da indústria, já que ainda há descompasso de oferta, demanda no comércio global e gargalos logísticos em curso.
O câmbio com real mais valorizado neste momento, observa ele, não pode ser interpretado como redução de custos, já que isso requer medidas mais estruturais. Além disso, ressalta, não é possível garantir o câmbio atual, que ainda pode sofrer muitas oscilações mesmo no curto prazo, até o fim do ano.
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